Sindicato dos Urbanitários de Alagoas

Representa os trabalhadores da Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento – CASAL, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF, da Empresa Gás de Alagoas S.A. – ALGÁS, EQUATORIAL/AL, VERDE ALAGOAS, ÁGUAS DO SERTÃO, BRK, AGRESTE SANEAMENTO e SANAMA.

É filiado a Central Única dos Trabalhadores – CUT, a Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste – FRUNE, a Federação Nacional dos Urbanitários – FNU e a Confederação Nacional dos Urbanitários – CNU.

Endereço: Rua Moreira e Silva, 54 Farol – Maceió – AL CEP: 57051-500
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Sindicato dos Urbanitários de Alagoas foi fundado em 8 de abril de 1943, no governo ditatorial de Getúlio Vargas, período em que foi consolidada a estrutura legal de controle do sindicalismo no Brasil. Junto a Consolidação das Leis de Trabalho – (CLT) veio também a intenção de retirar dos sindicatos o seu caráter de luta para transformá-los em organismos de conciliação de classe, atrelando-os ao Estado e dando início à fase dos sindicatos oficiais, transformando-os somente em órgãos assistencialistas e de prestação de serviços.

Inicialmente, chamava-se Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Termoelétrica de Maceió, representando os trabalhadores/as da Companhia Hidrelétrica de São Francisco – Chesf, da então Companhia Força e Luz/Ceal, Companhia de Bondes e Companhia Telefônica – (CTA), que depois se separaram ficando apenas o setor elétrico.

Até 1977, a entidade contou com cinco presidentes: Frederico Alves de Oliveira (1943-1946), José Vicente Ferreira (1947-1950), Pedro Lopes Barbosa (1951-1952), José Luiz Ferreira da Silva (1953-1975) e José Jurandir Torres (1975-1977). Nesse período, o Sindicato dos Urbanitários não tinha tradição de participação na luta sindical, não havendo qualquer consistência de cidadania, inclusive, dando margem à não renovação de quadros.

O Presidente que mais tempo ficou no poder foi José Luís, que passou mais de 20 anos no cargo, inclusive no período da ditadura militar. O Sindicato funcionava no Palácio do Trabalhador e limitava-se a receber e repassar à categoria informação sobre a concessão de reajuste salarial, a cada ano.

O presidente era sempre reeleito por aclamação, pois, na época, não havia o menor interesse da categoria em participar do Sindicato; amedrontados, os trabalhadores não tinham o direito de se posicionarem. Havia uma camisa de força, dada pelos generais de plantão no período da ditadura e, nesse clima, não havia possibilidade de diálogo. Em 1966, o Sindicato passou a chamar-se Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Alagoas e, em 1976, com o falecimento do presidente José Luiz, assumiu o vice, Jurandir Torres, substituído através de eleição, por Pedro Luiz em 1978. Com a chegada de um trabalhador eleito ao poder, Pedro Luiz foi o primeiro presidente após o período de intervenção sindical pela ditadura, período no qual surgiram as primeiras mudanças na atuação do Sindicato.

Nessa gestão de Pedro Luiz da Silva (1978-1987), houve a incorporação da Companhia de Água e Saneamento do Estado de Alagoas – (Casal) à categoria, e isso foi às vésperas do período chamado “Novo Sindicalismo”, em que o país começou a vivenciar as mais variadas manifestações das classes populares, visando à construção de uma nova ordem social. Destacam-se as greves no ABC de São Paulo, a criação da Central Única dos Trabalhadores – (CUT) em 1983 e a formação do Partido dos Trabalhadores. A nossa entidade começou a ganhar força e adesão da base, como resultado, inclusive, de sua participação direta no momento histórico. Em 1984, o Sindicato funda a CUT/AL e a ela se filia. Essa instituição nasceu para romper com a estrutura sindical corporativa e tornar-se instrumento de mobilização de massa.

O Sindicato começou a se tornar referência. Foi nesse período que se adquiriu a primeira sede própria. No plano estadual, Pedro Luiz assumiu a presidência do Partido dos Trabalhadores – (PT) e da Central Única dos Trabalhadores – (CUT); no plano nacional foi dirigente da Federação Nacional dos Urbanitários – (FNU). O grupo liderado por Pedro Luiz começou a reivindicar direitos, promover debates, encontros, reuniões e conseguiu obter a credibilidade que o Sindicato precisava para fortalecer-se. As assembleias lotavam cada vez mais, e cumpriu-se uma gestão de forma séria, dinâmica e criteriosa, mas a dinâmica natural da vida sindical e política mostrou a necessidade novos avanços.

Em 1987, parte do grupo que acompanhava Pedro Luiz entendeu ser necessário buscar uma nova forma de atuação, pois as últimas gestões haviam provocado divergências. Um outro momento surgia na vida sindical que necessariamente levou a uma disputa interna; a dissidência decidiu que Paulo Fernando dos Santos, Paulão, era o nome que surgia como liderança para substituir o então presidente. Pedro Luiz perdeu para Paulão, mesmo contando com o apoio do PT e da CUT.

 

1º Congresso dos Urbanitários, agosto de 1989

Paulão deu prosseguimento à respeitabilidade, à confiança e elevou ainda mais o conceito do Sindicato no cenário estadual e nacional. Além da atuação interna com sua categoria, por meio da realização de congressos, palestras e debates, em busca da formação e da conscientização política e social, o Sindicato também conquistou mais respeito e reconhecimento nos setores sociais e políticos do Estado. O grupo assumiu o verdadeiro sindicalismo, combativo, reivindicativo, e aboliu as práticas assistencialistas. O Sindicato passa a agir como sindicato cidadão.

Nesse mesmo ano, 1987, o SAAE’s (Serviços Autônomos de Água e Esgoto) incorpora-se ao âmbito de nosso Sindicato. Então, acontece a primeira greve na Ceal, sob o comando do novo grupo, que se destacou pela vitória conquistada, quando a categoria obteve mais do que havia reivindicado, marcando um fato inédito, o de incluir, no Acordo Coletivo, cláusula que impedia o acesso à empresa sem ser por concurso público, antecipando-se à Constituição Federal de 1988.

Após grandes greves, os avanços seguiram, como a garantia de emprego na Ceal, na Casal e em alguns SAAEs, onde as empresas só poderiam demitir por justa causa. Toda uma série de conquistas foi alcançada a partir de uma luta sistemática por parte da entidade; ganhos como produtividade, auxílio-alimentação, implantação de plano de cargos e salários na Casal, plano de saúde, auxílio creche, tratamento para filhos portadores de necessidades especiais, liberação de dirigentes sindicais para dar suporte ao trabalho da entidade, entre outras, foram conquistas que marcaram esse período, com grandes greves, muitas delas julgadas pela justiça e em sua grande maioria decididas favoravelmente à classe.

Em 1989 foi realizado o primeiro Congresso Estadual dos Urbanitários, no qual um novo estatuto é elaborado e aprovado, tornando-o mais democrático, pois o anterior havia sido imposto pela ditadura, sendo comum a todos os sindicatos. O novo estatuto proíbia o nepotismo na entidade, remuneração de qualquer diretor ou diretora, exigia o acesso do quadro funcional por meio de processo de seleção pública, determinava apenas uma reeleição de diretor ou diretora para o mesmo cargo e garantia a celebração de Acordo Coletivo de Trabalho com o pessoal funcional da entidade.

SINDICATO CIDADÃO –UM MODELO PARA UMA ÉPOCA

Em 1996, o 3º Congresso dos Urbanitários de Alagoas, com o tema “Por um Sindicato Cidadão”, reafirmou uma prática sindical que, além da organização e mobilização da categoria, destinava-se ao encontro dos interesses da comunidade. Partiu em defesa dos interesses coletivos e históricos de classe e da garantia de direitos, reafirmando a necessidade de construir uma sociedade melhor, mais justa e mais igual, articulando parcerias junto aos movimentos sociais, na luta por melhores condições de vida, saúde, educação, em defesa de um projeto de interesse da classe trabalhadora e da sociedade como um todo, por meio da participação da base nos espaços de decisão política.

 

Categoria mobilizada em ato público nas ruas da cidade 

Esse grupo, que assumiu em 1987, vem desde então se renovando, com alternância de componentes nos diversos cargos da entidade. Paulão atuou durante duas gestões à frente do Sindicato (1987-1993), seguido por Joaquim Brito (1993-1999), que, em seu segundo mandato, afastou-se para assumir a Secretaria de Ação Social do Estado de Alagoas, cabendo a presidência da entidade ao então Secretário Geral, Gonçalo de Oliveira. Marcelo Florêncio assumiu em seguida (1999 a 2002), quando faleceu em plena campanha salarial unificada, que teve que ser concluída pelo então Secretário Geral, Erivano Cleto. Finalizada a campanha, Erivano Cleto não aceitou assumir a presidência e, em reunião colegiada, foi substituído por João de Souza Leão (2002-2005).

No ano de 2003 as termoelétricas encorporaram-se à categoria e, posteriormente, em face de decisão governamental elas foram extintas em 2005, no mesmo ano em que João Rodrigues de Oliveira Neto foi eleito presidente do Sindicato (2005-2008) e, em 2008 a categoria elegeu Amélia Fernandes Costa, a primeira mulher Presidenta do Sindicato.

Até 1996, todos os presidentes da Central Única dos Trabalhadores em Alagoas saíram das fileiras do Sindicato dos Urbanitários. Até hoje a entidade se mantém na diretoria da CUT. A participação do Sindicato, aliado da CUT na luta dos movimentos sociais, deu suporte a eles, que são importantes para a vida política do Estado. Isto ajudou a construir uma história de reconhecimento da entidade. A ação conjunta que desenvolvemos repercutiu no sistema de comunicação; a imprensa alagoana passou a incluir definitivamente em sua pauta a temática dos movimentos sociais. Deve ainda ser levado em conta que, em determinadas situações de confronto, o Sindicato assumiu uma importância fundamental, na defesa das causas sociais.

Ao longo de sua história o Sindicato dos Urbanitários de Alagoas tem investido em candidaturas da categoria que representem, de forma séria e comprometida, a classe trabalhadora e a sociedade. Nesse sentido, a sociedade elegeu Paulão para a Câmara de Vereadores de Maceió. Ele foi eleito Deputado Estadual por três vezes e, na ocasião do seu segundo mandato, Joaquim Brito atingiu a primeira suplência para a Câmara Federal. Em 2010, Paulão teve a mesma conquista. Dessa forma, os Urbanitários continuam formando e fortalecendo lideranças no cenário político-partidário de Alagoas.

A consciência política dos Urbanitários de Alagoas fez com que, em seu Congresso de 2002, determinasse o apoio incondicional à candidatura Lula, tendo conseguido total apoio de sua base para a eleição vitoriosa do primeiro trabalhador e ex-sindicalista que chegou à Presidência da República no Brasil. Em 2010, a categoria trabalha em prol da eleição da primeira mulher Presidenta do Brasil, a Dilma Rousseff.

 

5º Congresso dos Urbanitários, novembro de 2001. Robson Sarmento, Marcelo Florêncio, Joaquim Brito e Amaro Galdino

Durante todos esses anos, a entidade tem recebido o apoio da categoria que representa, ou seja, os funcionários da Chesf, Ceal, Casal e SAEEs de Alagoas; a categoria tem se elevado a um patamar de vitórias significativas, tanto do ponto de vista dos ganhos salariais, como políticos e sociais.

Sem dúvida, o Sindicato dos Urbanitários de Alagoas se tornou um marco para o movimento sindical alagoano. Conseguiu fazer o processo de ruptura em plena ditadura, fortalecer-se diante de sua base, servir de referência para outros sindicatos urbanos e rurais, teve a visão estratégica de ajudar a consolidar uma Central Sindical, evidenciou a importância do movimento sindical para o exercício da cidadania.

Uma das maiores preocupações do grupo que está, atualmente, na direção do Sindicato, tem sido a formação e conscientização política e social de seus membros. Desde 1989, são realizados congressos da categoria, a cada três anos, e ela mantém em seus planejamentos programa de formação política e sindical para dirigentes e base. Atualmente, o Sindicato possui um dos maiores índices de sindicalização do país: 90% dos trabalhadores e trabalhadoras das empresas que representa são sindicalizados.

Outro destaque da atividade do sindicato tem sido o incentivo à participação feminina na luta da categoria que, em vária gestões, vem trazendo contribuições importantes para a história da entidade. A partir do ano 2000, o sindicato acentuou a sua atuação tornando-se protagonista do fortalecimento do movimento de mulheres no plano estadual e nacional por meio da CUT e da Marcha Mundial de Mulheres, contexto em que se aprofundou o debate sobre a condição da mulher na sociedade.

O sindicato assume a seguinte missão:

Ser um instrumento de organização, politização e união dos trabalhadoras e trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho e qualidade de vida.