9 de dezembro de 2011

Presidente Dilma recomenda a Pimentel uma “postura transparente”

A presidente Dilma Rousseff tranquilizou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, em uma breve conversa, na tarde de quinta-feira (8), em relação às denúncias sobre sua atuação como consultor em 2009 e 2010, entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte e a chegada ao ministério. Os dois se encontraram no Palácio do Planalto, antes de uma reunião que tiveram com o chanceler Antonio Patriota. Ao ouvir de Pimentel que ele tem como comprovar suas afirmações de que não favoreceu, quando prefeito, as empresas a que prestou consultoria, Dilma pediu ao ministro que mantenha aquilo que o governo chama de “postura transparente”.

Pimentel repetiu à presidente que tem como se defender, afirmação já feita no encontro que os dois tiveram no fim de semana. Ele afirma que em nenhum momento forneceu à empresa informação privilegiada ou pediu que fosse beneficiada em contratos. Logo depois de Pimentel deixar a prefeitura, clientes de consultoria venceram licitações milionárias. Uma das empresas envolvidas nas denúncias, a empreiteira Convap, foi cliente de Pimentel e, atualmente, integra um consórcio vencedor de licitação de R$ 95 milhões promovida pelo município.

Outro ponto polêmico é o fato de P-21 de Pimentel ter recebido R$ 400 mil da QA Consulting, empresa que tem como um de seus donos Gustavo Prado, filho de Otílio Prado, sócio do ministro na consultoria. A QA teria sido subcontratada pela HAP Engenharia, construtora que tem contratos com a prefeitura de Belo Horizonte desde a época em que o ministro era prefeito.

Prado enviou ontem sua carta de demissão ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, pedindo para deixar o cargo de assessor que ocupava desde 2009. Na carta, Prado afirma não querer causar “constrangimentos” à “administração municipal”. Lacerda e Pimentel são aliados.

Hoje de manhã, o ministro embarca para a Argentina, onde terá uma reunião com a ministra da Produção do país vizinho, Débora Giorgi, e com o chanceler argentino, Hector Timermann. Pimentel não participará mais da posse de Christina Kirchner ao lado de Dilma e retorna ao Brasil ainda hoje, no fim do dia.

Crise diferente
O governo pôs ontem em campo sua tropa de choque para defender o ministro e disseminar a tese de que seu caso é diferente da crise que derrubou o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, também criticado por sua atuação como consultor. Mesmo assim, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), esforçou-se para poupar o ex-ministro da Fazenda. “O Palocci caiu não foi por corrupção, foi porque não existia mais condição política para ele continuar como chefe da Casa Civil”, comparou.

Para Vaccarezza, ter impedido a convocação de Pimentel pela Câmara não é blindagem. “A atividade privada e legal do ministro é assunto dele. Todos os dados são de domínio público e foram divulgados pelo próprio Pimentel”, disse. “Esse não é um assunto do governo, da fiscalização da Câmara. Não tinha cabimento a convocação”, argumentou o líder.

Fonte: Correio Braziliense

9 de dezembro de 2011